Neste sábado (07/12), Tangará da Serra vai prestigiar um evento diferente da maioria dos que acontecem aqui. O “Samba Tangará”, com as cantoras de Cuiabá, Deize Àguena e Rita Cássia, trará canções consagradas pelo ritmo mais popular do Brasil. O encontro será às 18h30, na Praça dos Pioneiros, Centro. Durante a tarde, as sambistas também vão oferecer uma oficina de canto popular e samba, às 14h, no Centro Cultural. O “Samba Tangará” é resultado de uma parceria entre o projeto de extensão da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Corpo e Cordas, e Secretaria de Turismo e Cultura do município.

A palavra samba é originária de semba, ritmo tocado nas senzalas por negros escravizados. Com raízes africanas e incorporado pelos brasileiros, surge no início do século XX em resposta à marginalização gerada pelo fim do período escravocrata e a idealização de um Brasil branco e elitizado. Apesar de proibido na época, assim como a capoeira e a “vadiagem”, o samba percorre caminhos históricos, políticos e culturais que o levam ao lugar de referência nacional e valorização identitária em que está atualmente.

Deize Águena canta e faz samba há 25 anos. Para ela, o ritmo representa congregação. “O samba me permite sentar na mesma roda com pessoas de diversas classes sociais, religiosas, profissionais. É um ato coletivo”. Ela é uma das convidadas para a roda em Tangará e já adianta o que está preparando para o evento. “Sambas de compositores bem populares, onde o maior número de pessoas possa cantar conosco. Dona Ivone Lara, Cartola, Chico Buarque, Beth Carvalho, Clara Nunes, Paulinho da Viola, Noel Rosa…”, finaliza a cantora.

Outra convidada que estará presente no “Samba Tangará” é Rita Cássia. A cantora começou a se dedicar profissionalmente à música no grupo de samba “Cuiabá Samba Show”. Ela adianta que está preparando sambas do Rio de Janeiro e de São Paulo, além de valorizar o feminino na música. “Espero vibrar e fazer com que todos que estejam aí sintam a vibração do amor que procuro transmitir ao fazer música, principalmente o samba”, declara.

Corpo e Cordas – O projeto de extensão Corpo e Cordas surgiu em 2014, criado pelos professores Marta Cocco e Everton Barbosa, ambos do curso de Letras da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), campus de Tangará da Serra. A iniciativa promove cultura a partir do espaço acadêmico e dialoga com a comunidade tangaraense através de oficinas em escolas, contação de histórias e grupos de estudo. O projeto também mantém a Clínica da Música, oficina que reúne mensalmente no Centro Cultural interessados em estudar violão, guitarra, canto. A última edição de 2019 será no sábado, às 14h00, no Centro Cultural.

“A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende”, já dizia o filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Além de gerar experiências culturais e trocas humanas, a música é capaz de promover outros benefícios às pessoas. Um bom exemplo disso é o contato com instrumentos musicais, que possui capacidade de liberar dopamina ao corpo, a substância vinculada ao prazer. Segundo o professor e coordenador pedagógico, Everton Barbosa, o objetivo do projeto é trazer alternativas diferentes à cena cultural da cidade. “As pessoas veem o projeto como referência, sabem que a gente toca outro tipo de música”. Ele ainda ressalta a importância de a arte fazer parte da formação de futuros profissionais. “Humaniza as pessoas. A qualquer momento a arte é importante, se ela não acontece no ensino fundamental, é importante que ela aconteça em outros momentos”, finaliza.

A extensão universitária permite que alguns estudantes recebam auxílio para participar de projetos e dialogar mais aproximadamente da comunidade. O acadêmico de Letras Robson Júnior é um deles. Bolsista do Corpo e Cordas desde março deste ano, conta como as atividades feitas em grupo o ajudaram. “O contato com as pessoas através da música me fez eliminar qualquer vestígio de timidez que eu tinha”, revela o estudante. Outro integrante do projeto de extensão, o acadêmico de jornalismo, Jorge Félix, fala como a música tem afinidade com a comunicação. “No jornalismo me ajuda muito. Quanto mais apresentações eu faço e tenho contato com o público, me sinto mais confiante e a vontade. Como fazemos muita música brasileira, MPB, a gente tem esse contato direto com as formas de escrever, as formas líricas da escrita”, pontua.

Serviço – Para mais informações sobre o “Samba Tangará” e outros eventos, entre em contato através das redes sociais do projeto. “Corpo e Cordas” no Facebook e @corpoecordas no Instagram.

Local – Centro Cultural e Praça dos Pioneiros

Horários – 14h, Clinica da Música; 18h30, Roda de Samba

Redação: Nathali Luize Malaco/ Unemat Ciência
Imagem: Marcos Lopes – Unoimagens