Por Lygia Lima

A Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) obteve sua primeira patente de invenção expedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), no último dia 15 de março. A invenção, intitulada “Processo para obtenção de carvão vegetal ativo a partir dos frutos da bananeira”, é uma tecnologia que permite a produção de um carvão vegetal ativo com propriedades especiais que lhe permite diferentes aplicações industriais.

A tecnologia foi desenvolvida pela acadêmica Pércia Graczyk de Souza durante o curso de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola (PPGasp) da Unemat no câmpus de Tangará da Serra. Ela foi orientada pelos professores Tadeu Miranda e Queiroz e José Wilson Pires de Carvalho, ambos da Unemat.

A tecnologia, desenvolvida durante o mestrado e que teve o depósito de patente pedido ainda em 2016, pode ser utilizada, por exemplo, em produção de cápsulas de carvão ativado para fins farmacológicos; como isolante térmico, acústico e elétrico para aplicações especiais e ainda em remoção, adsorção de contaminantes químicos de água e esgoto no processo de tratamento e purificação.

A partir da concessão da Carta de Patente, fica assegurada a propriedade da invenção em todo o território brasileiro, garantindo os direitos dela decorrentes pelo prazo de 20 anos. O projeto que deu origem à tecnologia é intitulado “Desenvolvimento de filtro biodegradável a partir da banana-terra” e era vinculado ao Programa de Pesquisa e Extensão denominado “BB Água Limpa”, coordenado pelo professor Tadeu Queiroz, e contou com apoio de vários colaboradores.

Processo de descoberta:

A inventora Pércia explica que, ainda durante sua graduação no curso de Engenharia de Alimentos na Unemat em Barra do Bugres, era bolsista de iniciação científica e foi durante as pesquisas experimentais com biomassas de banana que, em um dado momento, percebeu que o material era extremamente poroso, e que poderia resultar em um produto útil para o tratamento de água.

“A partir dessa descoberta, eu e o meu orientador, o professor Tadeu, percebemos que o material poderia resultar em um novo produto, e decidimos continuar com a investigação, agora já no curso de mestrado”, explica.

Para a inventora Pércia de Souza, o apoio da Unemat e da Fundação de Amparo à Pesquisa de Mato Grosso (Fapemat), que concedeu bolsa de mestrado, foram fundamentais para que ela pudesse desenvolver a pesquisa que culminou com a primeira patente concedida à Unemat.

Segundo ela, a concessão desta patente é uma vitória científica. “Nós iniciamos tudo com muitas incertezas, inseguranças. Éramos leigos no assunto, não tínhamos estrutura apta para o desenvolvimento da pesquisa. E persistimos. A única certeza que eu tinha era do depósito da patente e da conclusão do mestrado. Que, por mais que houvesse muitos desafios, essas etapas seriam concluídas com sucesso, até porque nossa equipe (eu, Tadeu e professor Wilson) nos empenhávamos para isso e, hoje, é uma alegria enorme ver essa patente concedida”, afirma.

Sobre os inventores:

Pércia Graczyk de Souza é egressa do curso de Engenharia de Alimentos da Unemat e do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola (PPGasp), e atualmente está finalizando o curso de doutorado na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Tadeu Miranda de Queiroz, na época do desenvolvimento da tecnologia, atuava como docente do curso de Engenharia de Alimentos do câmpus de Barra do Bugres e do mestrado do PPGasp. Atualmente é professor do curso de Agronomia do câmpus da Unemat em Nova Mutum, do PPGasp e do Mestrado Profissional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos em Rede Nacional (ProfÁgua).

José Wilson Pires Carvalho é docente do curso de Engenharia de Alimentos do câmpus da Unemat em Barra do Bugres e do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática (PPGECM).

Patentes na Unemat:

Além da concessão desta primeira carta de patentes concedida à Unemat, outros dez processos de patentes de invenção estão depositados e aguardam o trâmite final junto ao Inpi. A Instituição já registrou 7 programas de computador, 4 marcas e 5 cultivares agrícolas.