Com uma nova proposta a cada início de semestre, a atual gestão do curso propõe uma reflexão sobre as modalidades de ensino. Na última sexta-feira, 30, no campus da UNEMAT de Tangará da Serra, a temática escolhida para a aula que inaugura o semestre, oficialmente, foi a abordagem sobre a aprendizagem e o método de ensino do uso de libras no contexto educacional.

O fim de agosto coincide com a abertura do Setembro Azul, que é dedicado também às discussões acerca dos deficientes auditivos, do ensino, da aceitação e comportamento na sociedade. Três datas nos lembram da importância de se discutir o assunto: dia 10, Dia Mundial da Língua de Sinais; dia 26, Dia Nacional do Surdo; e o dia 30, Dia Internacional do Surdo. A cor azul faz menção à Segunda Guerra Mundial, quando pessoas com deficiência eram distintas das outras com um laço azul para que fossem executadas, porém, na década de 90, num congresso australiano, a cor retorna com outra simbologia, ligada à luta e ao orgulho da comunidade surda.

A coordenadora do curso, a Profª. Drª Rejane Centurion, em sua fala de abertura do evento, faz uma reflexão acerca da data escolhida para que os futuros professores comecem a pensar sobre as modalidades de ensino. Enfatiza, também, a presença dos calouros e de como a universidade é importante e o quanto muitas pessoas almejam este lugar, que é um privilégio: “a universidade é uma realidade para vocês”, afirma. Representando o diretor do câmpus, o também assessor pedagógico, o Prof. Dr. Everton de Almeida Barbosa, dá as boas-vindas aos calouros, e diz: “o curso de Letras pode ser transformador para quem quiser”. Sobre o tema da noite, o professor ressalta a luta que a universidade possui no que se refere à inclusão e atendimento às pessoas com deficiência.

Momento importante da noite, foi a mesa redonda com a temática “Libras no contexto educacional”, a qual contou com a mediação da Profª. Idalina Meurer, do CEFAPRO, de Tangará da Serra, e dos palestrantes, o Prof. Arnaldo Teixeira (CEJA Antônio Casagrande), que é surdo, e a Profª. Izamar Valdevino Torres (UNIC). Como tradutora intérprete, o evento contou com a atuação da professora Stella Martins Pereira (CEJA Antônio Casagrande). A professora do CEFAPRO falou da importância de se discutir o tema sobre o ensino de Libras e das parcerias que são feitas com as instituições, as quais sempre estão prontas a acolher os que se abrem a essa pesquisa. Foi discutido sobre o Ensino de Português para surdos e como trabalhar a gramática da Língua Portuguesa como segunda língua. Izamar Torres enfatiza que o ensino é um desafio, e por essa razão segundo ela, é necessário, como futuros professores, entender que a língua desses alunos é a Libras; são “sinais que falam, que transmitem conhecimento” e, que os surdos não aprendem a escrever como um ouvinte, afirma a professora.

Em seguida, o Prof. Pedagogo Arnaldo Teixeira palestrou sobre o seu aprendizado enquanto deficiente auditivo, de como as pessoas precisam mudar a forma de ver os surdos, de como é diagnosticada a surdez, como tem de ser o trabalho no ensino regular e do que é inclusão.

O evento ainda contou com a participação do projeto de extensão Corpo & Cordas, coordenado pelo professor Dr. Everton de Almeida, com música e apresentações culturais diversas, organizadas por demais acadêmicos do curso.

Fica a reflexão para os que serão e para o que são professores, e para a sociedade: “Ouça o Surdo!”

Redação: Wellington Dorilêo Inhamu