Por Danielle Tavares
Com a presença de autoridades políticas e acadêmicas, a Unemat câmpus de Tangará da Serra, recebeu hoje (29/03), a turma de 36 alunos de Ensino Médio, da Escola Estadual Patriarca da Independência, sediada no distrito de Progresso localizado no município de Tangará da Serra (243 Km da capital Cuiabá).
A aula inaugural na universidade marcou o início das atividades do curso Técnico em Agricultura com ênfase em Horticultura, possibilitado por parceria entre a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), por meio do programa de extensão MT Horticultura, e Superintendência de Diversidade da Secretaria de Estado de Educação (Seduc).
Este curso piloto faz parte do novo Ensino Médio, em que consta a proposta de implementação do Itinerário Formativo de Educação Profissional e Tecnológica. A Formação Geral Básica (FGB) será realizada na própria escola e o Itinerário Formativo de Educação Profissional e Tecnológica, no câmpus da Unemat.
O curso prevê carga horária de 800 horas de aulas teóricas, práticas, de laboratório e campo, utilizando toda a infraestrutura da universidade e também o corpo docente do curso de Agronomia da Unemat de Tangará da Serra.
“Essa nova perspectiva do Ensino Médio tem permitido esse tipo de ação. Estamos trabalhando com alunos que já são de uma escola do campo e, então, têm essa vertente para a Agricultura. Muitos desses estudantes são filhos de produtores, moram em propriedades rurais ou a família tem algum tipo de ligação com o meio rural. Então, a gente traz uma formação que é muito próxima do dia a dia deles”, destacou o coordenador do curso técnico em Agricultura da Unemat, professor Willian Krause.
As primeiras aulas iniciaram no mês de fevereiro. Todas as segundas e terças, no período da manhã, os estudantes se deslocam para a universidade. O projeto piloto é para a formação de turma única durante, no período de 2022 a 2024, podendo ser prorrogado.
“A proposta é trabalhar, juntamente com parceiros, qualificando também os filhos dos pequenos produtores rurais, para fixá-los na terra. A universidade atua junto a toda a população mato-grossense, tanto com o grande produtor, quanto com o pequeno”, afirmou o Diretor Político-Pedagógico e Financeiro do câmpus de Tangará da Serra, professor Ariel Lopes Torres.
Presente no evento, a secretária adjunta de Gestão Educacional, Valdelice Oliveira Holanda, falou que o projeto possibilita a inovação curricular e o protagonismo estudantil. “Não tenho dúvidas que teremos um salto de qualidade na educação de Tangará da Serra. Quando começamos a falar de novo Ensino Médio, ouvimos críticas. Mas aqui está sendo provado que, se a educação no Brasil tivesse pensado nisso há tempos, não teríamos visto esta diáspora do campo para a cidade, não teria ocorrido esse esvaziamento. Hoje vemos aqui o Ensino Superior caminhando, de forma entrelaçada, com o Ensino Médio. Um comprometimento com o local”.
A Superintendente de Diversidades Educacionais da Seduc, Lúcia Santos, destacou o pioneirismo na iniciativa e a demanda para levar projetos semelhantes a outros municípios. “Esse curso traz possibilidades de transformação. Vai fazer a diferença para a família de vocês e para a história do nosso Estado. Temos proposta de levar a outros municípios. Temos na Unemat uma grande parceira, não só na Educação no Campo, mas também na Educação Indígena”.
Também presente na aula inaugural, a pró-reitora de Extensão e Cultura da Unemat, Leonarda Grilo Neves, destacou que essa iniciativa poderia ser replicada em, pelo menos, outros cinco câmpus da Unemat que têm a vocação Agrária. “Contem conosco para levar essa iniciativa para todos os câmpus da Unemat com curso de Agronomia, de forma a replicar esse projeto tão importante e necessário”.
Para o prefeito de Tangará da Serra, Vander Alberto Masson, o curso vai gerar oportunidade para esses jovens ao possibilitar a qualificação dentro de uma instituição universitária. “E, acima de tudo, para que eles posam voltar para suas origens e colocar em prática os conhecimentos e produzir mais e melhor. Também empreender para que possamos gerar mais emprego e renda para as famílias e para nosso município”, afirmou.
O QUE DIZEM OS ALUNOS E PROFESSORES PARTICIPANTES DO PROJETO
Professora Edna Neuza, diretora da Escola Patriarca da Independência.
“O projeto veio somar muito porque esses alunos que são do campo, anteriormente estudavam para sair do campo, hoje têm a possibilidade de continuar no seu local. Trabalhar onde estão e somar com os pais na terra”, destacou a diretora da Escola Patriarca da Independência, professora Edna Neuza.
A estudante Natally da Silva Felizardo, de 15 anos de idade, mora em sítio há quatro anos. Os pais trabalham com plantio de hortaliças, vendem na feira e fazem entrega.
“Pretendo seguir nessa área, quero ser agrônoma, gosto muito de ajudar maus pais, sou uma pessoa do campo. Está sendo uma oportunidade muito grande, pois é meio caminho andado para mim, que quero ser Agrônoma. Os professores são incríveis, são bem capacitados e eu estou gostando bastante”.
Maria Fernanda Weber, tem 15 anos. A mãe é professora e o pai trabalha em posto.
“O curso está sendo muito bom porque pode abrir um leque de oportunidades no nosso futuro e pode agregar muito no nosso currículo, para quando a gente tiver a idade certa para o trabalho. Com o tempo e as aulas nesses dois meses eu gostei muito e estou pensando seriamente em fazer Agronomia”.
Deydson Wellington Batista Tobias (15) tem pai e avó pecuaristas.
“O curso está sendo muito bom, me passando experiências novas. Na parte do laboratório é sempre ótimo. Na escola não tivemos contato com microscópios, e aqui temos contato com muita coisa que não conheceríamos na escola. Já é com um preparatório de quando a gente for estudar aqui”.
Saiba mais- Este evento é uma realização da Universidade do Estado de Mato Grosso, Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) de Mato Grosso. Conta ainda com o patrocínio do Sicredi, apoio da Fundação de Apoio ao Ensino Superior Público Estadual (Faespe) e da Prefeitura Municipal de Tangará da Serra.
