Professor Paulo Alberto abordou a temática em sua dimensão histórica e política

Por Miguel Rodrigues Netto – Jornalista Tangará da Serra
Fotos: Acadêmica Stefany Alexyan da Silva Santos

Na sexta-feira, 25 de junho de 2022 ocorreu no auditório do Centro Cultural de Tangará da Serra a palestra sobre políticas de ações afirmativas ministrada pelo professor Paulo Alberto dos Santos Vieira que atualmente está atuando no Campus Universitário de Sinop, junto ao curso de economia. O auditório recebeu bom público o que foi ressaltado pelo palestrante.

O professor Paulo Alberto é vinculado a Rede Ubuntu que congrega pesquisadores de diversas instituições e tem como fio condutor a temática das relações étnico-raciais. Por isso o pesquisador buscou logo de início contextualizar o que é uma ação afirmativa a qual definiu como “um conjunto de políticas públicas (ou privadas) compulsórias ou não para proteger minorias e grupos que, em uma determinada sociedade tenham sido impedidos no passado” (Oliven, 2007).

O arco temporal das políticas de ação afirmativa é a realização da III Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Incidência Correlata. Tal conferência ocorrida em 2001 em Durban, África do Sul, lançou as bases para um pacto mundial da qual o Brasil se tornou signatário e que a partir daí desencadeou o debate das cotas raciais nas universidades iniciando em 2002 pela Universidade de Brasília, depois pelas estaduais fluminenses (UERJ, UENF e UEZO) e chegando a Unemat em 2004.

Paulo explicou que a Índia, país conhecido pelo seu regime de castas, foi o primeiro a aprovar cotas em 1948. explicou que o racismo na sociedade brasileira é fruto de construção histórica e teve como pilares: o racismo científico e as políticas de branqueamento; o mito da democracia social; a ideologia do mérito; a construção de uma identidade homogeneizadora, a suavização da discriminação racial; a desafricanização da cultura negra no Brasil e a consolidação da ideia de nação onde 1 povo + 1 cultura + 1 território = nação. Esse conjunto de variáveis levou a tese de que a “raça” não implicava em substrato de desigualdade o que desencorajou políticas de reparação como as cotas.

O professor detalhou todo o percurso percorrido no interior da Unemat para aprovação das políticas de ação afirmativa que completam 18 anos em 2022. Evidenciou que atualmente existem núcleos de estudos nas instituições públicas que se debruçam na temática das relações étnico-raciais como na UFMT, no IFMT e também na Unemat através do Núcleo de Estudos sobre Educação, Gênero, Raça e Alteridade – Negra, fundado em 2005 em Cáceres e o Núcleo de Estudos sobre Africanidades, Diáspora e População Negra – Encrespar, fundado em 2021 em Sinop.

Ainda nas dependências do Centro Cultural ocorreu mostra com trabalhos científicos desenvolvidos pelos acadêmicos de jornalismo e que foram expostos na forma de baners. E desta forma encerrou-se a II Semana de Jornalismo que demonstrou o talento dos acadêmicos e o comprometimento dos profissionais que atuam no curso. A expectativa já é pela próxima edição.