Por Hemília Maia

A professora e pesquisadora do curso de Jornalismo da Unemat, Eveline Teixeira Baptistella, é a única brasileira convidada à apresentar pesquisa na Conferência Virtual Vozes Emergentes para Animais no Turismo que acontece nos dias 17 e 18 desse mês. O evento, organizado pelo The Civet Project, da Universidade de Exeter, no Reino Unido, é voltado para a temática dos animais no turismo.

Eveline falará sobre sua pesquisa no Painel 3, painel referente “As Américas”, na quinta-feira, às 15h45, no horário de Londres, às 12h45 no horário de Brasília.  A pesquisadora trará à discussão seu trabalho intitulado “Animais não humanos como trabalhadores do turismo pantaneiro”.

O Painel 3 conta ainda com mais duas pesquisas: “História dos animais de trabalho no transporte e recreação”, por Clarissa Uttley e “Reflexões: a experiência inicial de uma graduação pesquisando animais no turismo”, por Annabel DeSmet.

De acordo com a organização, o objetivo desta conferência é fortalecer a ponte entre “academia de turismo” e “academia de não turismo”, destacar e celebrar novas perspectivas dentro e fora do turismo e aquelas que unem os dois. Há grande interesse ​​em destacar metodologias transdisciplinares emergentes, assim como incluir, mas não se limitar a: etnografias multiespécies, multissituadas e virtuais, empatia incorporada e trabalhos que combinam abordagens teóricas e aplicadas das ciências biológicas e sociais com as das ciências, artes e defesa dos animais.

Pesquisa

Em Animais não humanos como trabalhadores do turismo pantaneiro, Eveline analisou a questão dos animais selvagens que estão habituados à presença humana no Pantanal Mato-grossense e cooperam na atividade de turismo.

“Ao Aceitarem a proximidade de humanos, eles passam a serem considerados trabalhadores parceiros dos humanos e recebem uma rede de proteção maior da comunidade. O melhor exemplo dessa parceria são as onças de Porto Jofre, que passaram a ser protegidas porque toleram bem a proximidade com turistas”, destacou a professora. No entanto, ela reforçou que ainda há controvérsias nesse tópico. “Essa habituação, no caso das onças, por exemplo, envolveu a ceva no começo, lá nos anos 2000. Hoje a prática é proibida no Pantanal, mas, no turismo em geral, considerando no mundo todo, ainda vemos a oferta de comida para os animais como forma de atraí-los para serem vistos pelos turistas. Isso traz uma série de problemas tanto para saúde quanto para a segurança dos animais, especialmente em caso de acidentes que envolvam prejuízos para os humanos, pois o animal não humano sempre acaba pagando a conta”, explicou Eveline.

A pesquisadora disse que o Pantanal tem baixa incidência dessas práticas e que pode servir como uma base para construção de um turismo de observação de vida silvestre mais ético em relação às outras espécies.

Eveline também discute a interação entre guias e turistas com animais selvagens no Pantanal.  Segundo a professora, esse tipo de prática passa uma mensagem prejudicial para a sociedade, ao fazerem que elas pensarem que animais selvagens podem ser tratados como pets. “Isso estimula um mercado de fotos com animais selvagens que muitas vezes são colocados em cativeiro e sedados exclusivamente para atenderem a esse propósito, além de estimular o tráfico de animais silvestres”.

Eveline explica que seu trabalho aponta caminhos para uma comunicação mais ética em relação aos animais não humanos, com a proposta de um turismo de observação de vida selvagem livre de sofrimento animal, e positivo para todos os envolvidos.